IMAGINARY INTERVIEW
COLLABORATIVE INTERVIEW
FERNANDO PESSOA
- Portuguese Poet and Writter –
1. You're Portuguese but you wrote a lot of your works in English. When did you learn this language?
Well, because I was educated in South Africa, in an Irish Catholic school. I came to be more familiar with the English language than with portuguese. With only eight years, left with my mother and my uncle to Durban in South Africa, because after my father's death in 1893, I was five years old, my mother got married again... So we went to my stepfather to Durban, where he was an ambassador. I only returned to Portugal at the age of 17. In fact my first poems were written in this language.
- Porque fui educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa. Cheguei a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português. Com apenas 8 anos parti com a minha mãe e o meu tio para Durban na África do Sul, porque depois da morte do meu pai em 1893, tinha cinco anos a minha mãe voltou a casar… assim, fomos ter com o meu padrasto a Durban, onde este era embaixador. Só voltei a Portugal com 17 anos. Aliás, os meus primeiros poemas foram escritos nesta língua.




Hum… não sei responder a essa pergunta, mas para mim criar personagens foi uma forma de ter companhia. Desde muito jovem, como tinha de dividir a atenção da minha mãe com os meus outros irmãos, filhos do casamento com o meu padrasto, isolei-me, o que me propiciava momentos de reflexão. Quando mais tarde comecei a criar os pseudónimos, como uma espécie de jogo ou desafio, tentei que eles fossem “poetas inteiros”, com vida própria, estilo único, pensamento original, diferente do meu… Afinal quem é que não teve na infância “amigos imaginários”?
4. What did you mean when you said "Literature exists because the world isn't
enough"?
- Good question! ... Perhaps because I consider the life that I live is too restrictive, too small, too
limiting, for the life that I wanted to live and with which I dream.
«Literature is the most enjoyable way to ignore life.» Book of Unrest
"Literature, like all art, is a confession that life is not enough." - Works in prose - Page 504
- Boa pergunta!... Talvez porque considero a vida que vivo demasiado restritiva, pequenina, limitadora, para a vida que queria viver e com que sonho. «A LITERATURA É A MANEIRA MAIS AGRADÁVEL DE IGNORAR A VIDA», Livro do Desassossego."A literatura, tal como a arte, é a confissão de que a vida não basta". - Obras em prosa - Página 504, Fernando Pessoa
- Sim, sim, sem dúvida!!! Tal como escrevi no Livro do Desassossego: «Ecrever é esquecer.»
Sempre tive a necessidade de me evadir da realidade, de me refugiar no sonho, na música, na noite…
na literatura, a única capaz de me proporcionar felicidade.
1.You were the author of the first Coca-Cola commercial in Portugal. Tell us a bit about this experience as an advertiser.
- It was an experience that had no results, because between 1927
and 1928, the year I collaborated with the advertising agency Hora,
which belonged to my friend Manuel Martins da Hora, I was in charge
of creating the phrase that should mark the entrance of the Coca-Cola
in Portugal.
I invented this slogan that seemed pretty good and was approved:
"First, it's strange. Then you go in. "
But at the time, the slogan, while creative and true, gave Lisbon Health
Director, Ricardo Jorge reasons to seize all the product loading and put
it to the sea, and this because, according to the director, the product
contained cocaine derivative and the slogan attested that the product was
toxic and addictive, after all, would be entrenched in the body.
The slogan I've created is still modern and proof of this is that recently, at the launch of "Frize",
a lemon-cola water, the slogan I created was recreated to: "First taste; then approve. "
- Foi uma experiência que não teve resultados pois entre 1927 e 1928, ano em que colaborei com a agência de propaganda Hora, do meu amigo Manuel Martins da Hora, fui encarregue de criar a frase que deveria marcar a entrada do refrigerante norte-americano em Portugal. Inventei esta que me pareceu bastante boa e foi aprovada: “Primeiro estranha-se. Depois entranha-se.”
Só que na época, o slogan, apesar de criativo e
verdadeiro, deu motivos ao diretor de Saúde de
Lisboa, Ricardo Jorge, para apreender todo o
carregamento do produto e deitá-lo ao mar, e isto
porque, segundo o diretor, o produto continha
derivado de cocaína e o slogan atestava que o
produto era tóxico e causava dependência, afinal, ficaria entranhado no corpo.
O slogan que criei continua moderno e prova disso é que, recentemente, no lançamento do “Frize”,
uma água limão-cola, o slogan que criei foi recriado para: “Primeiro prova-se; depois aprova-se”.
2.With which of your heteronyms you most identify?
- "Well, I created all these characters and gave them a life of their own."
However, they say Bernardo de Campos is the closest thing to me.
He's an orphan like me and a simple bookkeeper's helper. The style
of writing is done with mine, there are poems that are confused.
Bernardo Soares was born in the city of Lisbon, just like me. We met
in a small pasture house frequented by both. It was Bernardo, who
gave me his "Book of Unrest".
As I explained, consider yourself a semi-heteronomous because,
"not being like me, it is not much different from me either, that is, it is me, minus reasoning and
affection."
- Bem… eu criei todas estas personagens e dei-lhes “vida própria”. Considero
que todos são eu e eu sou todos… No entanto, dizem que Bernardo de Campos
é o mais parecido comigo. É órfão como eu e um simples ajudante de guarda-livros.
O estilo de escrita dele é parecido com o meu, existindo poemas que se confundem.
Bernardo Soares nasceu na cidade de Lisboa, tal como eu. Conhecemo-nos numa
pequena casa de pasto frequentada por ambos.
Foi aí que o Bernardo me deu a ler o seu "Livro do Desassossego". Tal como
expliquei, considero-o um semi-heterónimo porque, "não sendo como eu, também
não é tão diferente de mim, ou seja, “sou eu, menos o raciocínio e afetividade."
3. Frequent attendant of A Brasileira coffee, you participated in
the innumerable intellectual, artistic and literary debates of the time.
Tell us a little about A Brasileira coffee.
- The Brasileira of Chiado sold the "genuine Brazilian coffee".
The establishment was founded by Adriano Soares Teles
do Vale, grandfather of the filmmaker Luís Galvão Teles.
Adriano Soares was a man of culture, with an interest in
music and painting and founded the Alvarenga Band,
financing the purchase of his first instruments, and made,
the Brasileira, the first modern art museum in Lisbon. In
1908, he made a remodel, creating, then, the cafeteria.
From that time, the Brasileira was the scene of innumerable
intellectual, artistic and literary events. The writers and
artists gathered around the figure of the poet Henrique Rosa,
my adoptive uncle, who would come to found Orpheu
Magazine, in which I participated actively. In 1925, Brasileira exhibited paintings by Portuguese
painters of the modern new generation, who
then attended the café: Almada Negreiros, António Soares, Eduardo
Viana, Jorge Barradas, Bernardo Marques, Stuart Carvalhais and José
Pacheco.
This "museum" was renovated in 1971 and with all the importance it had
in the cultural life of the country, maintained an identity very own, both
for its decoration, and for the symbolism that it represents, being linked
to circles of intellectuals, renowned writers and artists such as Almada
Negreiros, Santa Rita Pintor, Abel Manta, among many others. I was a
very frequent visitor to this cafe and this fact motivated the inauguration,
in the 1980s, of the bronze statue by Lagoa Henriques, which represents me sitting at the table in
the esplanade of the cafe.
- A Brasileira do Chiado vendia o "genuíno café do Brasil". O estabelecimento
foi fundado por Adriano Soares Teles do Vale, avô do cineasta Luís Galvão
Teles.
Adriano Soares era um homem de cultura, com interesse pela música e
pela pintura e fundou a Banda de Alvarenga, financiando a compra dos
seus primeiros instrumentos, e fez, da Brasileira do Chiado, o primeiro
museu de arte moderna em Lisboa. Em 1908, fez uma remodelação,
criando, então, a cafetaria. A partir dessa época, A Brazileira foi o cenário
de inúmeras tertúlias intelectuais, artísticas e literárias.
Por lá, passaram os escritores e artistas, reunidos em torno da figura do
poeta-general Henrique Rosa, o meu tio adotivo, que viriam a fundar a
Revista Orpheu, na qual eu participei ativamente. Em 1925, A Brazileira
passou a expor quadros de pintores portugueses da nova geração, que
então frequentavam o café:
Almada Negreiros, António Soares, Eduardo Viana, Jorge Barradas, Bernardo
Marques, Stuart Carvalhais e José Pacheko.
Este "museu" foi renovado em 1971 e com toda a importância que teve na vida cultural do país, A Brazileira do Chiado manteve uma identidade muito própria, quer pela sua decoração, quer pela simbologia que representa, por se encontrar ligada a círculos de intelectuais, escritores e artístas de renome como Almada Negreiros, Santa Rita Pintor, Abel Manta, entre muitos outros. Eu era muito assíduo frequentador deste café e esse fato motivou a inauguração, nos anos 1980, da estátua em bronze da autoria de Lagoa Henriques, que me representa sentado à mesa na esplanada do café.
4. A critic of the Portuguese political regime, you produced a series of political
writings against Salazar and the Estado Novo. Did you have problems with the
regime?
- As this regime was very restrictive, I was a victim of censorship,
not so much for my opinions, but more for the ignorance of those
who read what I wrote and didn’t understand. Thus, to circumvent
this situation, I published anonymously political essays and opinions.
I even came up with an interview with a supposed Italian anti-fascist
refugee, a serious joke published in 1926 in the Lisbon daily, which
allowed me to expose, under a false identity, my own opinion on
fascism and Mussolini. Most of my political prose, unpublished or “secret" belongs to a "vast
submerged continent."
- Como este regime era muito restritivo, fui vitima de censura, não tanto
pelas minhas opiniões, mas mais pela ignorância dos que liam aquilo que eu
escrevia e não percebiam. Assim, para contornar esta situação, publiquei
anonimamente ensaios e opiniões políticas.
Cheguei a inventar uma entrevista com um suposto refugiado antifascista
italiano, uma brincadeira séria publicada em 1926 no diário lisboeta, o que me
permitiu expor, sob uma identidade falsa,
a minha própria opinião sobre o fascismo e Mussolini. A maior parte da minha
prosa política, não publicada ou “secreta” pertence,
a um “vasto continente submerso”.
5.Do you consider yourself a controversial person?
- Of course. I'd like to be a bit provocative. I have always been a watchful observer and a political thinker, I have produced thousands of pages with notes, observations, essays and projects on the politics of my time, especially the Portuguese or on more universal themes of "political sociology".
- Claro, de certeza. Gostava de ser um pouco provocador. Sempre fui um atento observador e pensador
político, produzi milhares de páginas com apontamentos, observações, ensaios e projetos de ensaios
sobre a política do meu tempo, principalmente a "Portuguesa", ou sobre temas mais universais de
"sociologia política".
1. Your chilwood was passed in South Africa. What do you remember about those times?
Long, but good times, after all. The years spent in
Durban, despite my sister's death, were certainly
the best of my life, for I lived with my family in an
atmosphere of love and concord with my brothers,
my mother and my stepfather whom I called
father. We had a good social level and an open life.
It was here that I finished my studies, which were
successful, with the final exam: Intermediate
Examination in Arts, in the University, obtaining a good classification. I was a reasonable student and
although in the admission exam to the University of Cape of Good Hope, did not obtain a good classification,
I got the best grade among the 899 candidates in the English style essay. I therefore received the Queen
Victoria Memorial Prize ("Queen Victoria Award").

Tempos longínquos, mas bons, apesar de tudo. Os anos passados em Durban, apesar da morte da minha irmã, foram certamente os melhores da minha vida, pois vivia com a minha família num ambiente de amor e concórdia com os meus irmãos, a minha mãe e o meu padrasto a quem chamava pai. Tínhamos um bom nível social e uma vida desafogada. Foi aqui que acabei os meus estudos, que foram bem-sucedidos, com o exame final: Intermediate Examination in Arts, na Universidade, obtendo uma boa classificação. Fui um aluno razoável e apesar de no exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança, não obter uma boa classificação, tirei a melhor nota, entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebi por isso o Queen Victoria Memorial Prize («Prémio Rainha Vitória»).
A minha irmã Teca relembrou-me que, quando brincávamos em criança, em
Durban, eu costumava criar várias personagens: o Quebranto Oessus, o
Capitão Thibeaut e o Chavalier de Pas. Um dos episódios que a Teca me
relembrou à uns tempos, relacionava-se com uma partida que eu encenei
numa noite em que os nossos pais foram jantar fora. Contou-me ela: «Tu
estavas sempre com ideias diferentes e, nessa noite, lembras-te de pregar
uma partida aos empregados que jantavam na cozinha da nossa casa em
Durban. Pintaste as nossas caras de preto deixando um círculo branco à
volta dos olhos, vestimo-nos com uns carapuços que nós próprios fizemos
de lençóis e, assim mascarados, subimos num escadote a uma janela, que
dava para a cozinha. Tu desligaste a eletricidade e nós apontámos com uma
lanterna para as nossas caras. Os empregados desataram aos berros e
fugiram porta fora. Quando os nossos pais chegaram, estávamos metidos
nas nossas camas fingindo que estávamos a dormir. Penso que nunca julgaste,
que os empregados fugissem definitivamente. Nessa noite, acabaste por ter
de explicar o sucedido aos nossos pais, enquanto nós (o Luís, o João e eu) muito
encolhidos e um pouco assustados, não parávamos de rir. Este episódio e as pequenas peças que
escrevias para nós representarmos fazem parte das nossas recordações».
I started writing very early. At the age of six I wrote the first poem dedicated to my mother. It was in South Africa that I began to write poetry and prose in English, and that my first heteronyms emerged: Charles Robert Anon and H. M. F. Lecher. It was in Durban that I began to publish in the high school newspaper: I published a critical essay entitled "Macaulay." When I was very young I became interested in reading, which was my greatest pleasure. I read Byron, Shakespeare, Whitman, Keats, Shelley, Plato and Aristotle, French authores as Voltaire, Victor Hugo, Mallarme and Molière, as well as the Portuguese authors. Charles Dickens' Pickwick Papers was one of the most important readings of my youth.
Comecei a escrever muito cedo. Com seis anos escrevi o primeiro poema, dedicado à minha mãe. Foi na África do Sul que comecei a escrever poesia e prosa em inglês, e que surgiram os meus primeiros heterónimos: Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Foi em Durban que comecei a publicar no jornal do liceu: publiquei um ensaio crítico intitulado "Macaulay".
Desde muito novo interessei-me em mergulhar na leitura, que era o meu maior prazer. Lia Byron, Shakespeare, Whitman, Keats, Shelley, Platão e Aristóteles, autores franceses como Voltaire, Victor Hugo, Mallarmé e Molière, bem como os autores portugueses. Confesso que os Pickwick Papers, de Charles Dickens, foi uma das mais importantes leituras da minha juventude.
3. How did you feel when you started living in Lisbon?
Well ... well ... I tried to adapt. I miss my dear family. In fact, I returned to Lisbon, shortly after I turned 17, in 1905, to enter the Superior Course of Letters. At that time, I came to live with my aunt who lived in Rua de S. Bento, going later to live with my paternal grandmother in Rua da Bela Vista à Lapa. I left school after two years, without having done a single exam, because I preferred to study on my own initiative and then went to the National Library, where I read books of philosophy, religion, sociology and literature (Portuguese in particular) in order to to complete and expand my education. I sometimes lived with relatives, sometimes in rented rooms, and made my living doing occasional translations and writing letters in English and French for portuguese firms doing business abroad. Although lonely in nature, with a limited and self-confessed social life, almost without a love life, I was an active leader of the Modernist movement in Portugal in the 1910s, and I myself invented some movements, among them a cubist-inspired "Intersectionism" and a strident, semi-futuristic "Sensationism.
" Yet I have always kept away from the limelight by exerting my influence through writing and chatting with
some of the most remarkable portuguese literary figures.
Bem… bem… tentei adaptar-me. Com muitas saudades da minha querida família. De fato voltei a Lisboa, pouco depois de completar 17 anos, no ano de 1905, para entrar no Curso Superior de Letras. Nessa altura, vim viver com a minha tia que vivia na Rua de S. Bento, indo mais tarde viver com a minha avó paterna na Rua da Bela Vista à Lapa. Abandonei a faculdade depois de dois anos, sem ter feito um único exame, pois preferi estudar por iniciativa própria e então ia para a Biblioteca Nacional, onde li livros de filosofia, de religião, de sociologia e de literatura (portuguesa em particular) a fim de completar e expandir
a minha ducação. Vivi por vezes com parentes, outras vezes em quartos alugados e ganhava a vida fazendo
traduções ocasionais e redação de cartas em inglês e francês para firmas portuguesas com negócios no
estrangeiro. Embora solitário por natureza, com uma vida social limitada e confesso, quase sem vida amorosa,
fui um líder ativo da corrente modernista em Portugal, na década de 1910, e eu próprio inventei alguns
movimentos, entre os quais um «Interseccionismo» de inspiração cubista e um stridente e semi-futurista
«Sensacionismo». Contudo sempre me mantive afastado das luzes da ribalta, exercendo a minha influência,
através da escrita e das tertúlias com algumas das mais notáveis figuras literárias portuguesas.
4. What memories do you have of your family?
I have good memories and bad memories. The death of my brothers ... the illness of my grandmother ... the separation when my coming to Portugal ... However, the memories are pleasant because I lived in a stable, affectionate and joyful family.
No entanto, as memórias são agradáveis pois vivi numa família estável, afetuosa e alegre.
It was a difficult but inevitable task, for I am many.
I wrote:
"BE PLURAL LIKE THE UNIVERSE".
I had to multiply myself in different personalities.
Genius ... crazy ... I do not know.
To make known my being, I invented, perhaps ...
127 heteronyms ..., 127 false names.
Each heteronym has a writing and personality of
its own, plus a unique life story. With my work I
really wanted this to be a "legacy of the Portuguese
language to the world".
Foi uma tarefa difícil, mas inevitável, pois eu sou muitos. Escrevi: «SÊ PLURAL COMO O UNIVERSO». Eu tive de me desmultiplicar em diversas personalidades. Génio…, louco…, não sei. Para dar a conhecer o meu ser, inventei, talvez… 127 heterônimos…, 127 nomes falsos. Cada heterônimo possui uma escrita e personalidade própria, além de uma história de vida única. Com a minha obra quis mesmo que esta fosse um “legado da língua portuguesa ao mundo”.
Galicia
My first poem was a little verse dedicated to my mother: "To My Dear Mommy."
Curiously, it was during this period that my first heteronym, Chevalier de Pas,
appeared. The verse was like this: «To my dear Mother:
Here I am in Portugal
In the lands where I was born.
As much as you like them
I still like you more. »
O meu primeiro poema foi um pequeno verso dedicado à minha mãe: “ À Minha Querida Mamã”.
Curiosamente foi neste período que surgiu o meu primeiro heterónimo, Chevalier de Pas.
O verso era assim:
« À minha querida Mamã:
Eis-me aqui em Portugal
Nas terras onde nasci.
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti»
2. Why are you afraid to go mad?
- Well ... well ... maybe… because, as a child to my paternal grandmother Dionysia,she lived with us. She did not like children and had mental disorders, with violent insanities that forced her to stay in "Rilhafoles", a mental health institution.
"Every day that I saw myself
older, I saw a frightening chasm widen. I was a genius, I realized the truth, and I also
saw this other truth: that, being a genius, I was a madman. "
Bem… bem…
talvez… porque,
quando criança a minha avó paterna Dionísia, vivia connosco. Ela não gostava de
crianças e apresentava perturbações mentais, com acessos de loucura violentos
que a obrigavam a ficar internada em «Rilhafoles».
«Cada dia que me via mais velho, via alargar-se um abismo assustador. Eu era um génio,
percebi a verdade, e também vi esta outra verdade: que, sendo um génio, eu era um louco.»
The friends I have created have been many over the years. In 1899, when I entered the Lyceum in
Durban, I created the pseudonym: Alexander Search, through which I sent letters to myself. May I
remind you that my first character was Chevalier de Pas. They all helped me to pass the time, to
imagine other places and to live other lives.
Os amigos que eu criei foram muitos ao longo destes anos. Em 1899, quando ingressei no Liceu de Durban, criei o pseudónimo: Alexander Search, através do qual enviava cartas a mim próprio. Que me lembre o meu primeiro personagem foi Chevalier de Pas. Todos eles me ajudaram a passar o tempo, a imaginar outros lugares e viver outras vidas.
In fact I have two sisters with the same name: Henriqueta Madalena, Teeca and Madalena Henriqueta. Teca was born in 1897 and Madalena Henriqueta the following year. The Madalena Henriqueta died before a year ago, creating me a deep misery. In August 1901, my family decided to go on a vacation to Portugal, and they brought my sister's body to be buried here. It was with my sister Teca, who I dealt with most closely. She lived to be 96 years old.
Na verdade, eu tenho duas irmãs com o mesmo nome: Henriqueta Madalena, a Teca e Madalena Henriqueta. A Teca nasceu em 1897 e a Madalena Henriqueta, no ano seguinte. A Madalena Henriqueta morreu antes de fazer um ano, criando-me uma profunda infelicidade. Em agosto de 1901, a minha família resolveu vir de férias a Portugal, e trouxeram o corpo da minha irmã para ser sepultada aqui. Foi com a minha irmã Teca, que com mais lidei intimamente. Ela viveu até aos anos 96 anos.
5.How is your relationship with your step father?
Very good! I called him father. Yet, with my mother the connection was very stronger. My mother, Maria Magdalena was a very educated person, because she hada special education. He learned to speak German, English and French, and English, was taught to him by the same educator of the Infants D. Carlos and D. Afonso, which demonstrates the high social level of my family. She loved reading and writing verses. He married at the age of 25 with my father, Joaquim de Seabra Pessoa, an employee of the Ministry of Justice and a music critic. He died, leaving her, with two children: me, with 5 years old and my brother Jorge 5 months old. This my brother died before he was one-year-old. Two years after the death of my father, my mother remarries to the commander João Miguel Rosa, who had five more children, and settled in the colony of KwaZulu-Natal-Durban-South Africa.
Muito boa! Eu chamava-lhe pai. Com a minha mãe a ligação era mais forte.
A minha mãe, Maria Magdalena era uma pessoa muito culta, pois teve uma educação distinta. Aprendeu a falar alemão, inglês e francês, sendo que o inglês foi-lhe ensinado pelo mesmo educador dos infantes D. Carlos e D. Afonso, o que demonstra o elevado nível social da minha família. Ela gostava muito de ler e de escrever versos. Casou, aos 25 anos, com o meu pai, Joaquim deSeabra Pessoa, funcionário do Ministério da Justiça e crítico musical. Este morreu, deixando-a com dois filhos: eu de 5 anos e o meu irmão Jorge de 5 meses. Este irmão morreu antes
de completar um ano de vida. Passados dois anos da morte do meu pai, a minha mãe volta a casar-se
com o comandante João Miguel Rosa , de quem teve mais cinco filhos, tendo-se instalado na colónia
de KwaZulu - Natal – Durban - África do Sul.
Trabalho colaborativo, realizado pelas turmas: F/H/I/J
com coordenação da Profª. Fátima Maio
Collaborative work done by the classes: F / H / I / J
with the coordination of Profª. Fatima Maio
with the coordination of Profª. Fatima Maio
Sem comentários:
Enviar um comentário